30 maio 2011

Jogos Florais 2011

“As palavras, como os seres vivos, nascem de vocábulos anteriores, desenvolvem-se e fatalmente morrem. As mais afortunadas reproduzem-se. Há-as de índole agreste, cuja simples presença fere e degrada, e outras que de tão amoráveis tudo à sua volta suavizam. Estas iluminam, aquelas confundem. Umas são selvagens, irascíveis, cheiram mal dos pés, fungam e cospem no chão. Outras, logo ao lado, parecem altivas e delicadas orquídeas.”
                                                                  
         In Milagrário Pessoal de José Eduardo Agualusa


Mais uma vez, na sétima edição dos Jogos Florais abraçámos as palavras meninas, solarengas, vestidas de esperança e também as que, por serem já crescidas, se tornaram sábias, maduras e por vezes doloridas.
Esta edição foi pródiga na arte de entrançar as palavras. Que elas floresçam e fiquem “a salvo da decadência e do esquecimento” no testemunho da diversidade e da essência que a todos nos enriquece, nos eleva e no qual cumprimos o verbo SER.


Premiados Jogos Florais 2011

28 maio 2011

Tudo foram histórias…com António Torrado



“Já escrevi sobre tudo e mais alguma coisa.”, “… o que mais gosto de escrever é prosa com poesia dentro, como os chocolates com recheio.”
De facto foi um gosto e um privilégio termos partilhado um dia com António Torrado, termos saboreado a sua companhia e sentido a doçura das suas histórias. António Torrado apresentou-se-nos com uma simplicidade recheada de saber, com um tom de menino a quem os anos já ensinaram muito mas não roubaram o deslumbramento da infância. O brilho do seu olhar mostrou o entusiasmo com que acolheu cada momento oferecido pelos mais pequenos, onde cada um foi visto como único e especial.
António Torrado vinha preparado para oferecer e ficou surpreendido com o tanto que recebeu. Ao longo do dia ia exclamando:
“ Os miúdos lembram-se de coisas que escrevi e que eu já tinha esquecido…”
“ Vê-se mesmo que eles (os alunos) conhecem a minha obra…”
“ Só conhecia chávenas de Fernando Pessoa, não sabia que também já tinha umas… “
“As vossas túbaras, minhas criadilhas, fazem-me reavivar as memórias de um sabor perdido no tempo”
“ Chamem-me já amanhã, se quiserem, que eu virei…”
“ Vou daqui com o coração afagado…”
António Torrado foi de “ coração afagado”, nós ficámos de coração preenchido… de simpatia, de meninice, de humildade, de palavras… de POESIA. Essa outra poesia que se encontra quando se chega ao fundo de um ser humano recheado de História(s).

António Torrado chegou ao Centro Educativo um pouco antes do almoço onde foi agraciado com uma poesia feita por alguns alunos. Ali, assistiu a um  momento musical e  dramatizações, entregou os prémios aos vencedores do concurso de leitura, falou com os meninos, apreciou os trabalhos expostos e autografou muitos livros.
O almoço foi servido com a poesia dos marcadores e depois de saboreados muitos sabores alentejanos, o café foi servido em chávenas decoradas com frases do autor.
À tarde, na escola dos mais crescidos, o autor conheceu o canto de leitura que lhe foi dedicado, assistiu a dramatizações, respondeu às questões dos alunos, ofereceu os prémios do concurso de leitura e escrita e voltou a autografar os seus livros. Foi um dia em grande, com muitas histórias e o prazer sereno da companhia de um escritor tão grande quanto a sua obra.